A partir das memórias desta época, recriando a História pela ficção, Saramago constrói um romance considerado quer histórico quer social, ao fazer a análise das condições sociais, morais e económicas da corte e do povo.
- Romance histórico – Memorial do Convento propõe uma minuciosa descrição da sociedade portuguesa do início do século XVIII, marcada pela sumptuosidade da corte, associada à Inquisição, e pela exploração dos operários que construíram o convento. A referência à Guerra da Sucessão, a imponência bárbara dos autos-de-fé, a construção do convento, a construção da passarola voadora e tantos outros factos poderão conferir à obra a designação de romance histórico, segundo alguns autores.
- Romance social / de intervenção – Ao representar os costumes de uma época e destacar o papel do povo oprimido, ao denunciar todas as formas de repressão, opressão e censura, o romance pretende encontrar um sentido para a História para melhor se compreender o presente (de notar que Saramago denuncia assim a tirania persecutória do regime salazarista).
- Romance de espaço– o autor propõe a representação de uma época, interessando-se por traduzir não apenas o ambiente histórico, mas também por apresentar vários quadros sociais que permitem um melhor conhecimento do ser humano, através da reconstrução das vivências da corte e do povo humilde, da intimidade e deveres conjugais dos soberanos, das leviandades do clero, da construção da passarola, das perseguições religiosas da Inquisição, entre outros.
Cena da Inquisição, Goya (1812)